quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mysore

Continuando a viagem, segui de trem para Mysore. Do meu lado, sentou um cara do Tibet. Conversamos um pouco, almoçamos no trem mesmo (não nasci para ser fresca). Cheguei em Mysore por volta das duas da tarde. No trem já vi vários gringos com tapetinho de yoga nas costas. Na estação a abordagem já é "vai para o guruji? Pattabhi? Vai para a Shala?" Todos sabem que gringo está ali para praticar yoga com o Pattabhi Jois.

Me hospedei em um hotel baratinho no centro e peguei um rickshaw para conhecer a tal yoga shala (sala de yoga). Realmente, o bairro é bem diferente do resto da cidade, nem parece Índia de tanto gringo que tem e só tem casarão. Conversei com umas pessoas na porta da escola, e fui procurar algum lugar para alugar, pois pretendia ficar um mês ali praticando, precisava ficar perto porque as aulas eram bem cedo e sairia bem mais barato.

Voltei para o hotel e fui com o tibetano ver o palácio de Mysore, que aos domingos fica todo iluminado, muito lindo!!! Tirei umas fotos e voltei para o hotel. No dia seguinte o cara do aluguel me ligou, peguei minhas coisas e fui para lá. Aluguei um quarto numa escola de massagem (na qual estudei também), na rua do Pattabhi. No outro quarto ficava uma sueca chamada Sandra, ratona de Índia, quem me apresentou ainda mais esse lugar sem preconceitos ou medos.

Decidi por ter aulas com Sharat, o neto do Pattabhi. Além de bem velhinho, o Pattabhi prioriza seus alunos mais antigos e mais avançados, além de ser beeeem mais caro. O Sharat fazia mais ajustes e era mais simpático. Fui lá falar com ele e acertei o horário para o próximo dia. Alunos novos começam mais tarde, eu ainda pedi para ser um pouco mais cedo, porque estava fazendo o curso de massagem logo depois.

As aulas são na própria casa, numa sala que fica no segundo andar, sendo que as posturas invertidas e o relaxamento são feitas num outro quarto, o Sharat nem entra lá. Ficam vários tapetinhos, um colado no outro, você chega, senta espremida num canto e espera alguém terminar (ir para o outro quarto terminar a série) para começar sua prática.

No primeiro dia ele observa como estão as posturas, se a pessoa passar de marichyasana D, ele deixa completar a série, mas se percebe que você já está cansado chega perto e diz "por hoje chega, vai para lá descansar". Eu fiz tudo e fiquei feliz com isso. Acabava a série e mal relaxava já tinha que sair correndo para a aula de massagem, chegava um pouco atrasada, mas meu professor lá também entendeu minha situação.

E assim foi por um mês. Acordava, ia praticar, voltava correndo. Minha companheira de casa sempre deixava algo preparado para eu comer enquanto assistíamos as aulas de massagem. Depois da aula, tomava um banho, íamos almoçar e a tarde batíamos perna pela cidade. Era a sexta vez que a Sandra estava na Índia, ela trabalhava seis meses na Europa e ficava outros seis na Índia. Logo no primeiro dia em que ela me preparou uma salada de fruta com yogurte eu começei a comer e vi que tinha maças com casca e uvas. Perguntei se não havia problema, porque esse era mais um terror em relação à Índia, (" nunca coma frutas com casca!!!"). Ela fez uma cara de quem nunca tinha ouvido isso e falou: "eu sempre como". Daí eu começei a comer também. Se ela que nasceu na Suécia não tinha frescura, eu que nasci no Rio de Janeiro e na infância mergulhei (me imunizei rsrs) na praia no Flamengo é que não ia ter!!!

A partir de então eu comi em vários "botecos", em alguns a comida valia o equivalente a 1 real (mas nesse os guardanapos eram uns pedaços de jornal...rsrs), andava pela cidade toda com ela procurando tecido (ela estava começando uma confecção e fazia umas roupas lindas!). Na maior parte do tempo eram eu, Sandra e Jenny, da Finlândia. Tomávamos café da manhã alguns dias na Tina, visitamos o templo de Chamundi Hill, fomos a uma feira orgânica que tinha por lá., onde descobri o sapoti e me apaixonei de cara! Escutávamos música a noite de papo furado.

O primeiro curso de massagem durou 15 dias, nos outros 15 eu fiz um curso de thai massagem e algumas aulas de culinária. Além da Sandra, fiz muitos amigos em Mysore, tinha gente do mundo inteiro. Finlândia, Espanha, Italia, Chile, Japão...foi muito bom! Visitei o lugar onde Krisnamacarya (mestre do Pattabhi) deu aulas, assisti apresentações de dança, de música, consegui encontrar o tal lugar que tem o melhor lassi (yogurte batido com frutas) de toda a Índia, até em uma festa de casamento eu fui. E fui abraçada pela Amma também!!!

Mas o tempo de ficar em Mysore já estava acabando e eu já começava a planejar o próximo passo: Varanasi!!!

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