domingo, 19 de abril de 2009

Enfim, Varanasi!!!

Acordei no dia seguinte, tomei café da manhã no terraço do hotel e fui andar pelas ruas, tentar achar o hotel em que eu queria ficar, de frente para o Ganges. As ruas lotadas, para variar. Bicicletas, pessoas, motos, vacas, cavalos...tudo. Cheguei ao portão principal para o Ganges, era uma rua bem larga com muito comércio e gente passando. Cheguei as escadarias, virei para a direita e continuei andando. A paisagem era linda e a trilha OM NAMAH SHIVAYA o tempo todo! Muitos indianos se aproximam perguntando se quero andar de barco ( a pergunta mais chata de Varanasi: "boat?", em Mysore era: "flowers?"). Encontrei o tal do hotel, Vishnu guest house, entrei, acertei um quarto e uma hora para me buscarem no outro hotel (não conseguiria chegar lá pelas ruelas e pelo rio teria que vir carregando minhas malas - impossível!). Voltei para o hotel para deixar tudo preparado, eles chegaram na hora certa.

Já instalada em frente ao Ganges, resolvi me aventurar pelas ruelas. É um labirinto, eu tentava ir decorando o caminho, mas volta e meia tinha que perguntar onde era o hotel na volta. Achei uma lan house e finalmente ia me comunicar depois de quase uma semana sem dar notícias. Precisava muito desabafar o que tinha acontecido de Bangalore até Varanasi. Muitas pessoas na Índia me confundiam com indiana, em Varanasi e em Delhi algumas pessoas me perguntaram se eu era de Israel (brasileiro realmente tem cara de qualquer coisa).

Escrevi um email gigantesco com o título de "odisséia"para família e alguns amigos. Meu pai depois contou que leu o email com meus avós e todos choraram. Juro que não fui melodramática, foi perrengue mesmo. Na mesma hora que mandei o email recebi o de uma amiga que estava na Índia e que eu só deveria encontrar com ela em Rishikesh, na parte final da viagem. Ela dizia que tinha resolvido ir para Varanasi e me deu o nome do hotel. Fiquei muito feliz!!! Tudo o que eu queria era abraçar alguém conhecido depois de tanto perrengue! Saí da lan house direto para o tal hotel, era no final do rio. Cheguei lá e ela não estava, deixei um bilhete com o endereço do meu hotel e saí. Peguei um rickshaw (lá o mais comum são os de bicicleta e de cavalo), e de repente cruzo com ela em outro rickshaw gritando "Mariiiina!". Foi incrível, qual seria a chance disso acontecer? Milhares de pessoas na rua, milhares de ruelas e a gente se cruza assim, de repente! Paramos para abraços e conversas. Ela estava com uma amiga argentina. Fomos almoçar. Ela contou que tinha acabado de ler meu email da odisséia, tinha ficado preocupada. Trocamos figurinhas de Índia, como tinha sido para ela e para mim e tal. Combinamos de conhecer alguns lugares juntas.

E assim foi, vimos o amanhecer de barco no rio Ganges, fomos a Sarnath (berço do Budismo) e a Allahabad (encontro sagrado de três rios, era para ser algo mágico, mas para nós foi perrengue total - lá foi meio estranho e levamos horas de onibus lotaaaaaaado na volta.) Fomos ao templo de Hanuman, onde me bateu uma neura da hora, já eram mais de cinco da tarde, eu precisava ir para o hotel porque no rio não tem luz! Cheguei ao portão principal, cheio e iluminado. Mas andei mais 10 metros e era escuridão total e eu sem lanterna!!! Agarrei uma garrafa de agua que havia comprado e fui rezando pelas escadarias (elas também são laterais e não só em direção ao rio). Sinceramente, não sei como consegui enxergar o meu hotel, e ainda dar a volta pelas ruelas porque o portão para o rio estava fechado, mas cheguei sã e salva ao meu quarto!!! Dizem que a noite no rio os leprosos são soltos - mas nem era o meu maior medo. Essa foto dá uma idéia do que eu enxergava na hora...



Minha amiga foi embora dois dias antes de mim de avião para Delhi. Eu fui de trem mesmo para Rishkesh (acho que umas 20 horas de viagem). Nos dois últimos dias aproveitei mais um pouco, visitei mais uns templos, assisti parte de um ritual de morte no rio e bebi um banglassi. Não acho que vale descrever tudo tim tim por tim tim, se não nem eu aguento ler. O episódio do banglassi foi interessante...rsrsrs, foi na véspera de ir embora e no dia seguinte fiquei meio enjoada no trem ( que maravilha!). Comprei numa loja de lassi e levei para o hotel, fiquei com medo de tomar na rua. A percepção do tempo se alterou de maneira absurda. Fiquei parte do tempo no quarto olhando o calangão mutante na parede, escrevendo, arrumando as coisas. Depois desci, fui na lan house, jantei, fiquei um tempo olhando para o rio, para as pessoas. Percebi um certo ar deprê nos gringos ripongas que perambulam por Varanasi. Talvez efeito mesmo de tanto bang, não sei. Já era hora de ir mesmo, de encontro ao meu destino...

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